domingo, 31 de janeiro de 2010

O clima errado.

Não adianta: Ninguém, exceto um espanhol por aí, consegue cozinhar Roger Federer em uma final de Grand Slam. Se você não é acostumado aos bordões tenísticos, "cozinhar" significa minar o jogo do adversário usando a paciência e regularidade, colocando bolas fundas e lentas no pior golpe do rival. Se você tem uma esquerda de uma mão, sabe muito bem o que estou falando.


Federer, que sempre eleva seu jogo nas finais, dominou os primeiros sets jogando de uma forma que somente ele consegue. De qualquer lado da quadra, com qualquer placar, com qualquer bola o suíço achava aquele precioso winner com o forehand, seja na paralela ou no contra pé. Isso sem falar nos voleios, que voleios! Até a esquerda com top spin, que apesar de não agredir, estava sólida e regular hoje. Uma aula do suíço em cima do britânico.

É sempre bom relembrar que Federer joga cada vez mais relaxado e confiante, principalmente nas finais de Grand Slam. Seja por ter ganho Roland Garros ou por ter se tornado pai de duas meninas, ou até mesmo por não ter Nadal em seu caminho, o fato é que ele não deixa chances e joga sempre o seu melhor nas finais, uma qualidade presente em todos os campeões do esporte.

O suíço, desde o início de sua supremacia, mostra cada vez mais que somente Rafael Nadal (em forma) é capaz de superá-lo em uma final de Grand Slam. Por mais que os torcedores do Federer detestem o estilo de Rafael Nadal, que chato seria se o tênis se espanhol não existisse. Mais que nunca, torço pela recuperação de Nadal, principalmente em Roland Garros e Wimbledon, onde acredito que o espanhol venha com sangue nos olhos para parar com a festa do suíço. O tênis merece ver de novo as grandes finais proporcionado por esses dois.

Murray

Não vou me alongar muito sobre Murray, já expus seu maior defeito em um post mais antigo. O britânico jogou como vinha jogando em 2009: Sólido na defesa e muito, mas muito conservador. No jogo todo, foi nítido a pressão em que Murray estava jogando. Não conseguia soltar seus golpes, errava bolas em que só queria por na quadra e parecia inquieto. Mesmo quando tentou mudar o panorama da partida e começar a agredir mais, o número de erros não-forçados foi incomum para um jogador tão regular como o britânico.

Talvez não seja culpa dele, claro. Afinal, Henman sofria coisa parecida nas fases finais dos Slams e sempre foi crucificado pela imprensa inglesa, uma das mais corneteiras do mundo. Murray tinha chances? Claro. Até o jogo contra Nadal, Murray, ao lado de Davydenko, era o melhor jogador do torneio. Até ele mesmo sabia que podia ganhar de Federer. O problema é que cada jogo, apesar de toda importância, deve ser jogada como somente um jogo. Nada mais. A final de hoje não era a partida para um britânico finalmente vencer um Slam e levar os ingleses à loucura, como dizia os tablóides londrinos. O jogo hoje era somente mais uma partida de tênis jogada em 5 sets, nada mais que isso. Ah, se isso vendesse jornal.


Murray entrando no clima errado.

6 comentários:

Hercules disse...

Ola Rodrigo

Belo texto. Concordo muito com você quando diz que o Federer calmo é um perigo, e acrescento, Federer calmo, sem mais nada a provar ou a perder, um "franco atirador", é a arma mais mortífera do tênis em todos os tempos. O que pode evitar que ele continue ganhando títulos? Acho que só ele mesmo. Problema físico, desinteresse. Não acredito nem mais no Nadal para pará-lo. Por dois motivos. Primeiro: mesmo na grande forma o espanhol se valeu para ganhar no território do suiço (grama e quadras rápidas) das circunstâncias de pressão que o Federer sofria (tal como este hoje se valeu para ganhar do Murray). Segundo: hoje há um problema a mais para o espanhol chegar contra o Federer. A "blindagem" que o suiço certamente receberá de jogadores, que hoje podem menos contra ele e podem mais contra o Nadal: Davydenko, Del Potro, Soderling, Djokovic, o próprio Murray.

Abs

Anônimo disse...

LEGAL SUA ANALISE DO JOGO, POREM NAO ACREDITO QUE O NADAL VOLTE A SER O DE ANTES O QUE É UMA PENA, SOU FÃ DO FEDERER, PORÉM ADORO VER OS JOGOS DO NADAL.

Rodrigo Oliveira disse...

Vejo que não apostar mais no Nadal está sendo muito comum. Não sei o que irá acontecer, mas ele tem somente 23 anos. Muita coisa ainda pode acontecer.

Anônimo disse...

Entrei no seu blog pelo link q vc colocou no blog do Cleto.
Achei muito interesante sua análise.
Achei que o Murray jogou bem, mas é óbvio que isso não basta para superar o suíço.
Federer ainda ganhará muitos GS, está motivado e sem pressão.
Também torço pela recuperação do Nadal, que eu sempre tive a certeza que chegaria a 1o do mundo, mas achei que seria só após a aposentadoria do Federer.
Abraços e continue escrevendo.
Ignacio

Alexandre disse...

Nadal perdeu 11 dos últimos 12 jogos contra jogadores do top 10.

Eu torço pra que ele se programe p/ vencer roland garros. Apenas isso.

Rodrigo, parabéns pelo Blog.

Abraço a todos

Tania disse...

Olá Rodrigo, gostei bastante da sua análise, aliás gosto muito dos seus textos - bem escritos. Também achei muito simpático você colocar links de outros bons blogs, inclusive do Cleto, mesmo tendo levado cartão vermelho de alguns xiitas que acreditam que o Cleto precisa de advogado de defesa. Acredito que tem espaço para todos e vou continuar participando e indicando para meus amigos. Sucesso e continue escrevendo bons textos. Adorei o "E se Roger Federer não existisse?" Abraços, Tania