segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Chip and Charge.


Não sei se todos os que lêem este modesto Blog sabe o que é o "Chip and Charge". Não os culpo, afinal esta expressão deixou de ser usada há bastante tempo. O Chip and Charge é uma tática usada pelo devolvedor em que, logo na devolução, joga um slice no backhand do adversário e sobe para a rede. Uma tática simples que deixou de ser efetiva com o passar dos anos.


Llodra, que nunca teve um resultado expressivo no circuito, tem uma meta ambiciosa para 2010: Comemorar seus 30 anos com uma semi-final de Grand Slam. Nada fácil.

Não ouso dizer que o francês não tem jogo para tal, afinal ele coleciona algumas vitórias sobre jogadores top-15, mas para atingir tal meta ele precisar se preparar muito bem fisicamente. Não há como jogar fazendo saque-voleios até mesmo nos segundos saques sem ter um bom preparo físico.

Vi o jogo do francês contra Juan Monaco no Austraian Open. Um massacre até o final do terceiro set. O saque de canhoto, voleios e o chip and charge estavam deixando o argentino louco. Apesar de tudo, Llodra cansou e permitiu a virada.

Torço para que ele consiga realizar sua meta em 2010. Chegar a uma semi-final de Grand Slam jogando de forma tão simples poderá abrir um pouco o leque de opções que os tenistas usam hoje. Quem sabe na terra sagrada de Wimbledon (que, infelizmente ou não, ficou mais lenta) o francês consiga algum bom resultado, afinal, simplicidade e tradição combinam com Wimbledon, e com o Chip and Charge também.




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

ATPs 250/500?


Roger Federer: 16 títulos de Grand Slam. 20 títulos de Master Series (contando 4 Master Cup).
Rafael Nadal: 6 títulos de Grand Slam. 15 Master Series.

Quem acompanhou o tênis do início dos anos 2000 sabe a imporância que tinha para os tenistas jogarem os torneios menos privilegiados. Vibravamos como loucos a cada ponto que nosso Guga fazia em Acapulco, Buenos Aires ou Lyon. Guga, Safin, Ferrero, todos os tops estavam lá, com exceção dos veteranos Andre Agassi e Pete Sampras.

Lembro até hoje da vitória de Guga sobre Safin em Indianápolis. Números 1 e 2 participando e jogando pra valer um torneio "pequeno" se comparado aos MS ou GS da vida. Hoje não se vê mais isso com frequência.

Federer e Nadal elevaram o nível do tênis mundial, assim como Sampras e Agassi o fizeram no passado. Até mesmo os poderosos Master 1000 são as vezes deixados de lado. Duvido que eles (Federer e Nadal) peguem o calendário e falem: Nessa temporada quero ganhar X Master 1000. O foco está nos Grand Slams.

Aproveitando o título do post, não vejo com muita atenção aos Atps 250/500 que estão rolando por agora. Do pouco que vi, me surpreendi com o jogo de Bellucci (muito sólido o garoto) e o preparo físico de Ricardo Mello. Já vi o Mello jogar algumas vezes em challengers, sempre me parecendo um bom passador e com um pouco de quilos a mais. Dessa vez ele está fininho, mostrando empenho para estar entre os 100 melhores do mundo antes de Roland Garros. Quem sabe ele aprimora um pouco mais a potência de seus golpes e consegue fazer um bom Grand Slam. Torço por ele, afinal, antes tarde do que nunca.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Os Frutos da "Era Guga".

Tenho 20 anos e um dos motivos para começar a jogar tênis foi a grande publicidade que o Guga fez para o tênis no Brasil. Iniciei na escolinha em 1999, ano em que Guga se solidificava entre os top-10 e aparecia cada vez mais na mídia brasileira.

Se eu me tornasse um profissional, certamente afirmaria que eu teria sido um fruto das conquistas e do carisma do catarinense. Afinal, se não fosse por ele eu provavelmente nunca teria me inscrito na escolinha de tênis.

A questão é que se eu me tornasse um profissional, seria neste ano em que ganharia visibilidade. Ou seja, 9 anos após o tri-campeonato em Roland Garros e a 6 anos do último ano competitivo do brasileiro (2004).

Li no Blog do Paulo Cleto que o próprio não acredita mais que houve um "aproveitamento" da Era Guga pela CBT. Concordava com ele (e muitos que dizem o mesmo) até esta semana. No ATP de Santiago, colocamos 2 tenistas nas semi-finais: Thomaz Bellucci (22 anos) e João Souza (21 anos).

Repare na idade dos jogadores. Se eles tiverem começado aos entre os 8, 10 anos, como é comum, provavelmente teria sido pela publicidade gerada por Kuerten, que começava sua carreira e já possuía um título de Grand Slam. É aí que entra os frutos da "Era Guga", 10 anos após seu melhor ano.

Quando cobramos a CBT pelo mal aproveitamento do momento que vivia o melhor tenista da história do país, nos esquecemos que demora anos para formar um atleta. O que Guga fez está sendo visto hoje. Isso serve para nos fazer ter mais paciência e entender a situação como um todo antes de criticar.

Acho que até mesmo Tiago Fernandes pegou o resquício da Era Guga e do "boom" de praticantes que o país teve graças ao catarinense. Resta agora torcer para os brasileiros se tornem bons tenistas e continuem nesse bom momento que vive o tênis brasileiro.

PS: Hoje tem Bellucci vs Monaco. Torço para o brasileiro (que é Top-3o agora), mas acho que Monaco leva o título.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Um novo Bellucci.

O processo de formação de uma carreira no tênis é sempre algo curioso. Ao contrário da maioria das profissões, onde subimos passo-a-passo, no tênis a coisa é um pouco diferente - os tenistas sobem em "pulos". Usarei o exemplo de Bellucci para tentar explicar melhor.

A grande maioria das pessoas que sabem de tênis falam sobre os perigos da passagem do juvenil para o profissional. O juvenil precisa, antes de tudo, se acostumar com o clima e jogo do tênis profissional não só no aspecto técnico, mas também no mental - É o primeiro "pulo" na carreira.

Após o primeiro pulo, o processo fica um pouco mas ameno mas não menos importante. É hora de se acostumar com o jogo dos top-200, depois dos top-100, top-50, e por aí vai. São saltos que tenista "normal" (não os grandes diferenciados, como Federer, Sampras, Guga, etc...) faz para subir na carreira. Bellucci passou com maestria por eles, e agora busca se acostumar com o jogo dos top-15. Gonzalez será um bom teste.

Não estou acompanhando muito o tênis nesta semana, mas vi o jogo de Bellucci contra Capdeville, onde o brasileiro, mesmo jogando muito mal, ganhou a partida. Fiquei contente. Mostrou que ele sabia que ia ganhar independentemente de tudo, pois era superior ao adversário. Na semi-final contra Gonzalez a coisa pode ser um pouco diferente.

Se você está pensado: "Ah! Mas o Bellucci ainda dá as famosas "viajadas" durante os jogos." Eu concordo com você, ainda é um defeito, mas ele melhorou muito. Antes, o brasuca perdia muitos, mas muitos jogos no terceiro set. Este ano ele ganhou todos os terceiros sets, se não me engano. Uma melhora considerável.

Feijão

Confesso que não o vi jogar em Santiago, mas o feito de chegar a uma semi-final de ATP 250 é de se comemorar. Embora fique feliz com o João, é muito claro que ele não vai continuar assim nos próximo mês. Como também não podemos chamar de fracasso se ele perder na primeira rodada de outro ATP futuramente. Como disse antes, é necessário se acostumar.
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PS: Quando falamos sobre a falta de aproveitamento da CBT quando estávamos na "Era Guga", confesso que discordo daqueles que falam que não a aproveitamos. Amanhã falo sobre isso sem falta.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Brasil Open!


Daqui a alguns dias começará o maior torneio do país e as expectativas sobre o desempenho dos brasileiros é enorme. Thomaz Bellucci, Marcos Daniel, Ricardo Mello, João Feijão e Ricardo Hocevar estão garantidos na chave principal e contarão com o forte sol baiano e o apoio da torcida. Apesar da chave ainda não ter saído, podemos analisar através da lista de inscritos a chance dos brasileiros fazerem uma boa campanha em território nacional. Os jogadores mais gabaritados a levar o título são: Juan Carlos Ferrero, Richard Gasquet e é claro, Thomaz Bellucci. Poderia colocar também nessa lista o perigoso Igor Andreev, mas o russo não fez um bom início de temporada. Almagro desistiu, esse sim está jogando em altíssimo nível e seria uma verdadeira pedra no sapato.

O número 1 do Brasil tem boas chance de defender seus pontos em casa e até mesmo faturar o torneio, está bastante confiante e tem jogo para bater qualquer um dos participantes. Porém o nosso top 35 vai precisar ser mais regular do fundo e trabalhar os pontos com paciência pois pode esbarrar com outros espanhois e argentinos especialistas no piso. Certamente também haverá muita expectativa com a participação de Tiago Fernandes no quali. A experiência somada em um evento desse porte será de enorme valia para o jovem Alagoano na sua transição para o circuito profissional.
Enfim, acredito que o Brasil Open desse ano será muito promissor para os brasileiros, já que não está tão forte como nos outros anos e o fator torcida também poderá fazer uma grande diferença. ______________________________________________________________

Depois de furar o quali, João Souza está nas quartas no atp de Santiago no Chile, bom momento vive o brasileiro. O convite para chave principal de Sauípe foi mais do que merecido!

Privilégio de uma Geração


Crescemos ao som de vozes enaltecendo o passado. Uma época de ouro, com os melhores filmes, as maiores bandas, os melhores atletas, foi o que sempre li e ouvi. Definitivamente uma mistura de orgulho e nostalgia que é reflexo de um dos ditados mais populares e verdadeiros da história: só damos valor às coisas depois que elas se vão. Sempre fui um contestador deste fato. E hoje tenho um forte aliado para isso: Roger Federer.

Matematicamente ele pode ser considerado o melhor tenista da história. Mas isso é pouco para o suiço. Ele caminha para se tornar o jogador mais versátil e perfeito da história deste esporte. Dentro e fora das quadras. Um atleta saudável, caráter exemplar. E um verdadeiro exterminador quando entra em competição. Seus golpes são uma mistura de beleza e crueldade ímpar. É fácil o espectador se pegar rindo sozinho após o suiço vencer um ponto, tamanha a facilidade com que ele joga (ou seria ensina?) esse esporte tão complexo como o tênis. Seus adversários o admiram não mais do que o temem. E devem sempre se perguntar: “por que não nasci 15 anos antes ou depois?” (se bem que, se nascessem antes, talvez também se lamentassem, diria um certo Pete Sampras). O fato é que Roger Federer tem 28 anos e está no auge. E estamos aqui eu, você, pessoas de 8 a 80 anos, vendo esta lenda jogar. Seja ao vivo ou na TV.

Não sei se algum dia ele fechará o Grand Slam no mesmo ano, se baterá o número de títulos de Jimmy Connors ou se parará de jogar amanhã. Mas tenho uma certeza: meus filhos vão ler e ouvir muito sobre o suiço. E, quando eles imaginarem cada golpe, cada vitória, cada título deste homem, um único som virá às suas mentes. O som de aplausos.