domingo, 17 de janeiro de 2010

Tecnologia vs Tradição

Estava vislumbrando a linda infra-estrutura e as modernas quadras do complexo de Melbourne e analisando a evolução tecnológica em que o tênis sofreu desde o início da era aberta. Me questionei até que ponto esses avanços respeitarão a tradição do esporte. É inevitável dizer que as mudanças ocorridas ao longo dos anos têm sido benéficas para o desenvolvimento do tênis e, sem dúvidas, também ajudaram a trazer longevidade aos atletas. Vemos isso claramente no aperfeiçoamento das raquetes atuais, que são extremamente confortáveis e ajudam na obtenção de controle e de potência, muito diferente das primeiras raquetes feitas de madeira que causavam uma série de problemas físicos.

Os fãs mais antigos e acíduos do tênis podem observar que toda essa transformação não só proporcionou mais segurança e comodidade aos tenistas, como também acabou fazendo com que eles modificassem o estilo do jogo por conta da nova velocidade e potência gerada na bola. Ainda que vejamos tenistas extremamente talentosos em ação como Roger Federer e Justine Henin, que fazem o tênis parecer fácil, assistimos constantemente ao chamado "Tênis Força": Saques devastadores, poucos voleios, agressividade excessiva. Infelizmente, essa é a tônica da maioria das partidas de hoje em dia, para a decepção dos jogadores e apreciadores de um tênis clássico.


Por que não falar também do polêmico Hawk Eye, ou simplesmente "desafio"? A tecnologia veio para suprir os problemas ocorridos com as marcações de linha dos juízes e acabar de vez com as dúvidas geradas no desfecho de um ponto. Cabe aqui uma pergunta a ser respondida a respeito desta tecnologia: O Olho de Águia é realmente eficaz? Federer em várias declarações já se mostrou insatisfeito com o recurso (apesar de ainda assim fazer uso do mesmo em suas partidas), e alguns jogos já apresentaram erros grosseiros do Hawk-Eye, pondo assim a precisão do aparato em dúvida.




E o que dizer das requintadas quadras sintéticas? Na história do Grand Slam Australiano tudo começou com a tradicional grama, depois foi para Rebound Ace e atualmente o piso utilizado é o Plexicushion Prestige, que promete reter menos o calor e minimizar lesões nas articulações dos tenistas. No entanto, o que vemos muitas vezes são jogadores insatisfeitos com a velocidade e o quique da bola, sem falar na mudança constante do piso.



Apesar de tudo, a conclusão que se pode tirar disso tudo é que o avanço tecnológico (se bem aplicado) sempre será bem vindo no esporte, do calçado do tenista até a construção de um teto retrátil em um estádio. A tecnologia deve ser utilizada para agregar valor a modalidade e não para somar problemas. E essas mudanças precisam respeitar e vigorar seus recursos de modo que não descaracterize e rompa bruscamente as tradições de um esporte tão exemplar como o tênis.

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